quinta-feira, 27 de maio de 2010

ALFIE o extra-parvo

quinta-feira, 27 de maio de 2010 3
Tendo estado afastado dos meus deveres de autor nos últimos tempos fica aqui uma coisa que andei a sarrabiscar...

E não percam a crónica da amiga Flora Neves já aqui em baixo



DIZ QUE DISSE

Diz-se que o papa veio a Portugal. Foi bom. Eu gostei. Durante umas semanas esqueceu-se a crise, que ocupava 92,5% dos noticiários. A vinda do Papa deve ter sido como os anos 30 nos EUA, depois da Grande Depressão (imaginei, agora, o Papa vestido de hippie e apaixonei-me).

Esses fofos, com menos que fazer e mais importantes que eu, preocuparam-se, durante todo este tempo, com pormenores de suprema importância, mesmo ao nível da vinda de tal personalidade. Ele é a cadeira divina de sua Santidade, ele era o Papa-Mobil blindado (que nem os polícias têm…), a alimentação divina, o sossego (sim, que o Papa dá-lhe duro no work), e, provavelmente preocuparam-se se havia infestações de mosquitos ou pulgas nos cães por onde quer que o Padre-Master passasse.

A única coisa que me chateia (e vai em jeito de desabafo, não de reclamação - porque quem reclama são os comunistas e não há cá misturas) é que a mim não me fazem esta festa toda. Eu, que desconto 60€ por mês para pagar subsídios a ciganos e pensões a velhinhos; eu que dou caridade ao Sr do Borda d’Água; eu que ajudo as senhoras da minha aldeia com os sacos de compra pesados (nisto perdoo o Papa. Ele já nem com ele pode..); eu que dou esmola aos 12 pais ciganos do miúdo loiro de olhos azuis que supostamente tem leucemia e que não precisa de cura mas sim de dinheiro; eu que trato todos como iguais e nunca abandono animais; eu que nunca fui neo-nazi… eu que nunca tive nada. E vem lá este, dum micro-estado forrado a ouro e diamante, que nem contribui para a economia de Portugal ter uma panóplia de regalias a que EU deveria ter direito.

Como diria a minha mãe: isto é como quem me mata.

Apelo então, senhores ministros, a que se reúnam e juntem uns trocos e que, plo menos durante uma semana me dêem uma vida de rainha, como eu bem mereço.


Cumprimentos,

Flora Neves